quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

(des)equilíbrio.


 
já faz alguns dias que penso sobre o que é ter equilíbrio. e fiquei pensando e pensando e pensando. e pensei tanto que acabei demorando demais pra escrever. porque acho que tenho uma opinião diferente da maioria das pessoas. do que dizem os médicos, psiquiatras, psicólogos, nutricionistas. do que diz o Sergio Chapelin nas edições sem fim do Globo Repórter sobre como ter uma alimentação saudável e uma vida mais equilibrada. primeira pergunta: afinal, o que é ter "uma vida mais equilibrada"? quero dizer, quem é que define o que é o equilíbrio? tudo bem, concordo que correr no parque, se alimentar bem, não trabalhar demais, ter tempo pra família, pra fazer as coisas que se gosta fazem parte do que o senso comum chama de vida equilibrada. mas pra mim vai um pouco mais além. acho que o equilíbrio está, de verdade, na relação com os extremos. eu posso hoje ser silenciosa e introspectiva. e logo ali, amanhã, ser falante, sorridente.
eu posso me jogar numa balada e dançar até de manhã em um sábado qualquer. e posso também achar, uma semana depois, que um filme e o cobertor não poderiam ser melhores companhias. posso querer pular de bungee jumping e querer ficar deitada na rede lendo um livro. posso ser intempestiva, impulsiva e emotiva. e posso ser racional e paciente também. e saber lidar com isso, pra mim, é que é o tal do equilíbrio. entender quando sinto vontade e preciso ser explosiva, e perceber quando o melhor a fazer é calar, esperar, respirar. tem dias que eu sou rock, quebradeira. e tem dias que sou bossa nova, brisa leve. e, veja bem, essa é a minha forma de me manter equilibrada. porque ninguém consegue ser uma linha reta, contínua. a gente é cheio de curvas, ondulações, sobe e desce. a gente é riso e choro, tudo junto. a gente é calma e gritaria. e isso me parece bem mais verdadeiro do que alguém que é sempre estável, sempre igual. porque dá a impressão de ser raso, superficial. é aquela coisa da intensidade, de viver um pico de extrema felicidade e, algumas vezes, se afogar na tristeza. sentir a necessidade de refletir, mas também se permitir não pensar em nada.
é muito mais fácil ser equilibrado quando tudo corre bem. mas e qual a graça? todo dia eu descubro um jeito novo meu de reagir a algo que acontece, porque sempre está acontecendo alguma coisa que desafia - adivinha? - o meu equilíbrio, a minha capacidade de me reinventar, de ser malabarista dos meus sentimentos. e eu acho que é essa arte de andar continuamente na corda bamba que faz da nossa vida equilibrada.

* contribuições de uma mesa de bar.